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Arquitetos: APS/ Pablo Senmartin arquitectos
- Área: 180 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Gonzalo Viramonte
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Fabricantes: Acerco, Adobe Systems Incorporated, Aluminia Córdoba, AutoDesk, Chaos Group, Holsing, Maderas Misioneras, Piacce Vidrios, Terralon, Trimble Navigation
Descrição enviada pela equipe de projeto. Esta casa de fim de semana é resultado de um estudo aprofundado sobre os atuais problemas de construção em nosso território natural, e desenvolvida sob a lógica da certificação de habitação sustentável LEED v4. As mudanças geradas durante a pandemia promoveram o trabalho remoto e abriram um novo cenário, favorecendo o avanço das migrações e o crescimento da demanda por moradias em ambientes de alto valor paisagístico e natural.
Portanto, o processo se propõe a mergulhar em lógicas projetuais, construtivas, sustentáveis e bioclimáticas que incorporem novas relações campo-cidade, revertendo os processos históricos de produção de materiais, desde o extrativo in situ ao montado a seco de baixo impacto, já que o impacto de nossa atividade na atual deterioração ambiental é crucial - as obras de construção representam cerca de 70% das emissões globais de carbono e mais de 60% do uso de recursos.
A casa está localizada na região montanhosa de Córdoba, às margens do Lago San Roque, em um contexto caracterizado por extrema fragilidade ambiental, com períodos de longa estiagem, grandes incêndios, perda de mata nativa, falta de infraestrutura e pegadas antrópicas territoriais que danificaram a paisagem natural. O lote escolhido, junto a uma área natural protegida, tem uma área de 1610,69m2 e desníveis de até 8 metros em direção à costa.
Subsolo - a caverna. Em primeiro lugar, buscou-se a implantação da casa através de uma estrutura simples de concreto armado que entre em contato o mínimo possível com o solo nativo e a vegetação existente, permitindo o escoamento da água naturalmente abaixo e obtendo um nível 0 de acesso à casa ao nível da rua, obtendo assim as melhores vistas do lago. A tectônica do concreto dialoga com a do manto rochoso. O espaço produzido entre o plano natural e o da casa permite contemplar a paisagem de forma protegida e funciona como área técnica, estacionamento e espaço de meditação. A área se localiza sob a piscina, que é elevada e transformada em um reservatório permanente de ar fresco, e desaparece camuflada na folhagem.
Pavimento de acesso - a doca. O deck de madeira permite a experiência de entrar na paisagem para se tornar parte dela. O acesso à casa é permitido ao nível da rua, ao atravessar a casa em direção ao lago, o deck se transforma em um terraço e solário, terminando na piscina infinita que brinca em continuidade com o reflexo do lago.
Área elevada - a Caixa. As fundações permitem que a casa seja elevada e atravessada pelo deck. A "caixa" é leve e etérea com sua estrutura de perfis de aço e interiores revestidos em madeira.
A casa tem dois níveis. O primeiro está ligado de forma linear e flexível com o exterior, os espaços de uso social (cozinha, sala de jantar, sala de estar, terraço, solário e piscina). No pavimento superior está o banheiro principal, quarto, depósito, sala de massagem e sauna-microcinema, além de um home office com vista para o pé-direito duplo do espaço social.
A imagem sóbria e minimalista voltada para a rua e a fachada sudoeste contrasta com a abertura da fachada nordeste. A entrada é estreita, e leva para um espaço luminoso de pé-direito duplo que trabalha com os jogos de reflexos e mudança de percepção, acompanhado por elementos verticais de madeira que funcionam como um filtro e reduzem o impacto solar direto, a incidência de vento e chuva nas superfícies envidraçadas.
A incorporação do tempo no espaço arquitetônico através de uma sucessão de elementos verticais que aceleram a vista para a paisagem resulta em uma relação que altera-se ao longo das horas e dos dias. A harmonia da cor do material que representa uma abstração da cor da natureza circundante
Tectônica. Um envelope é fixado de forma seca à estrutura de aço exposta. O fechamento foi realizado por meio de um sistema de caixilharia de madeira reforçada no local, com revestimento em placas externas de fibrocimento Siding, pintadas e vedadas com produtos à base de água endurecidos com chapas OSB, impermeabilizantes e isolamento térmico, complementando o encaixe interno em pinho de 3", conservado com óleo de linhaça.
A cobertura é uma feita em inclinação única cpm uma chapa ventilada, com um forro de isolamento duplo e impermeável. As linhas permitem que a água escorra sem impedimentos, e a falta de qualquer tipo de perfuração permite uma manutenção zero e uma fácil acumulação de águas pluviais na sala técnica do subsolo. O isolamento térmico utilizado neste caso foi lã de ovelha lavada.
Os pisos são de madeira de pinho plantado especificamente para construção. A simplicidade foi ganhando as decisões técnicas procurando uma imagem única e sóbria que começa a se misturar com o perímetro florestal. O projeto é de baixa manutenção e feito com materiais reciclados locais. De alguma forma indo contra alguns valores do nosso tempo, pegando certas tradições, resignando-se na expressão exterior mas ganhando na qualidade interior, que no fundo é o que importa quando se trata de viver.